Presa naquele quarto escuro, mais uma vez eu estava parada ao lado da
velha navalha com a qual eu sempre me cortava.
Eu sabia que nada mais iria
mudar e minhas lágrimas caiam
incessantemente sobre meus pulsos e faziam a dor aumentar.
Talvez um coração
quebrado já não fosse mais o meu problema e toda aquela dor era apenas um
motivo para eu ainda me manter viva, um tipo de esperança que fazia com que
tudo parecesse ter sentido.
Meus pensamentos me levaram a uma tarde feliz, uma
das últimas que tive, antes quem me abandonasse... Lá estava eu, tão cegamente
apaixonada que mal percebia que aquele que estava a minha frente fosse o meu
assassino.
Não, ele não atirou em mim, não tentou me machucar fisicamente, mas
me fez feliz e prometeu amor eterno...
E agora eu estava ali, sozinha,
esperando a morte me levar para que se completasse o meu destino de sofrimento,
dor e morte!
(Aline Gabriela)